quarta-feira, 20 de março de 2013

ATO PUBLICO DIA INTERNACIONAL DA VERDADE!



Querem atingir à OAB/RJ _ Querem atingir a todos nós!

Não nos deixaremos intimidar pelas ameaças! O ColetivoRJ Memória Verdade e Justiça quer a apuração imediata da explosão de uma bomba na OAB-RJ! 

Em agosto de 1980 uma bomba atingiu e matou Dona Lyda Monteiro, ao abrir uma carta dirigida ao presidente da OAB/RJ, Dr. Eduardo Seabra Fagundes, de quem era secretária, num momento em nosso pais em que esta instituição era tida como um dos principais bastiões na luta por liberdades democráticas.  Vivíamos numa ditadura civil militar e os atentados dos setores descontentes, que apostavam no terror e no maior endurecimento do regime militar, se fizeram presentes no cenário nacional. 

Distante três décadas daquele passado de trevas, do qual a sociedade ainda não se recuperou definitivamente - dado o grave padrão de violência estatal que se manifesta nos dias atuais -, um explosivo foi detonado na sede da OAB/RJ no dia 7 deste mês de março, para atingir o seu ex-presidente Wadih Damous, seu atual presidente, Felipe Santa Cruz, e criar um clima de inquietação, intimidação e ameaça. 

Ameaça à nascente Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, que irá investigar os crimes de lesa humanidade praticados por agentes públicos durante aquele período autoritário. Investigar e esclarecer o que foi silenciado por tantos anos neste país: os brutais e indesejáveis acontecimentos de um período nefasto que não queremos que se repita. Ou seja, investigar e esclarecer, medidas urgentes e necessárias, colocando às claras o que, porque, como ocorreu e onde estão os corpos dos desaparecidos políticos opositores do regime, quem foram os executores e os mandantes destes crimes. O estado do Rio de Janeiro deve à sociedade brasileira estas informações e não pode se intimidar com ameaças!  

O Coletivo RJ quer Memória Verdade e Justiça para pavimentar o caminho da democracia e não se deixará intimidar por provocações daqueles que reiteram com suas práticas o que aconteceu no passado recente em nosso país, daqueles desprezam os princípios dos Direitos Humanos, da democracia e da justiça social.
  

Rio de Janeiro, 20 de março de 2013.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Repúdio à parceria UFF e Clube Militar


Por meio da Nota abaixo, o  Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça vem expressar sua preocupação e reprovação em relação à divulgação de uma parceria desta Universidade Federal Fluminense com o Clube Militar, para a realização de evento intitulado “Luta Armada no Brasil e o Dever do Estado”, a ser realizado no próximo dia 14 de março, às 14h 30min, na sede do Clube Militar, no centro do Rio de Janeiro.

Trata-se de evento com falas restritas a posições defensoras do golpe civil-militar e da violência sistemática de Estado contra a resistência política -  neste momento próximo a data do golpe de 1964, que segmentos conservadores insistem em comemorar anualmente.

O debate sobre a ditadura é necessário e a universidade tem um papel importante neste processo, devendo promover espaçosplurais e comprometidos com a verdade sobre este passado que tanto repercute e se reproduz no presente na sociedade brasileira. Uma visão crítica ao golpe civil-militar e promotora de direitos humanos deveria ser contemplada.

Lamentamos, também, que a UFF ao invés de empreender ações no sentido de esclarecer fatos sobre o passado – com a criação uma comissão da verdade interna, tal como outras universidades têm empreendido – venha a manifestar apoio a uma postura pró-golpe. Os direitos humanos não podem uma vez mais ser desconsiderados neste debate, como foram durante anos pelos sucessivos governos pós-ditadura, que ocultaram e se desresponsabilizaram dos crimes de lesa humanidade.

Enfatizamos também que não nos calaremos diante de movimentos antidemocráticos e enaltecedores do que foi da ditadura civil-militar no Brasil, especialmente quando organizados e apoiados pela universidade pública brasileira.



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Rio de Janeiro 13 de Março de 2013


Prezado Sr. Reitor da Universidade Federal Fluminense, Roberto de Souza Salles,
Prezados integrantes do Conselho Universitário da Universidade Federal Fluminense,


O Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça[1], coletivo que reúne militantes e organizações empenhadas no resgate da memória e da verdade do que ocorreu durante a ditadura civil-militar brasileira e que luta pela divulgação dos responsáveis pela tortura, assassinato e desaparecimento dos corpos de centenas de pessoas que desafiaram o autoritarismo do período, vem por meio desta expressar sua preocupação com a divulgação de uma parceria desta Universidade Federal Fluminense com o Clube Militar, para a realização de evento intitulado “Luta Armada no Brasil e o Dever do Estado”, a ser realizado no próximo dia 14 de março, às 14h 30min, na sede do Clube Militar, no centro do Rio de Janeiro.

A divulgação do evento e da parceira tem sido feita através do portal do Clube Militar[2] e da própria Universidade[3].

A partir do conhecimento de tal evento, o Coletivo RJ expressa à Reitoria e ao Conselho Universitário:

i)             O repúdio à notícia de uma “parceria” com o Clube Militar para organização de eventos sobre a ditadura-civil militar vivida no Brasil entre 1964 e 1988. Esta entidade privada tem publicamente questionado a legitimidade da Comissão Nacional da Verdade e tem promovido eventos para a comemoração do golpe civil-militar de 1964 em claro retrocesso ao processo democrático que vivenciamos;

ii)            O repúdio à restrição do debate sobre o tema “Luta Armada no Brasil e o Dever do Estado”, com falas restritas a posições defensoras do golpe civil-militar e da violência sistemática de Estado contra a resistência política. Este questionamento baseia-se no entendimento de que é bem-vinda a promoção de debates plurais e respeitadores da liberdade de expressão e da promoção democrática do debate politico. No entanto, entendemos que, para tanto, a visão crítica ao golpe civil-militar e promotora de direitos humanos deveria ser contemplada. Incentivamos e participamos de qualquer debate sobre o que foi a ditadura civil-militar no Brasil que seja plural e comprometido com a verdade sobre este passado que tanto repercute e se reproduz no presente na sociedade brasileira; e

iii)           O questionamento sobre a escolha do mês de março para a realização de tal evento e a relação que este possa ter com a comemoração do golpe de 1964 que anualmente o referido Clube Militar realiza.

Por fim, gostaríamos de ressaltar a preocupação com que recebemos esta notícia de que a UFF está realizando um debate em parceira direta com o Clube Militar, na sede do clube militar e de forma unilateral.

O debate sobre a ditadura é necessário e a universidade tem um papel importante neste processo. Lamentamos, entretanto, que a UFF ao invés de empreender ações no sentido de esclarecer fatos sobre o passado – com a criação uma comissão da verdade interna, tal como outras universidades têm empreendido – venha a manifestar apoio a uma postura pró-golpe.

Os direitos humanos não podem uma vez mais serem desconsiderados neste debate, como foram durante anos pelos sucessivos governos pós-ditadura, que ocultaram e se desresponsabilizaram dos crimes de lesa humanidade.

Enfatizamos também que não nos calaremos diante de movimentos antidemocráticos e enaltecedores do que foi da ditadura civil-militar no Brasil, especialmente quando organizados e apoiados pela universidade pública brasileira.


Coletivo RJ Verdade Memória e Justiça

ANA MARIA MULLER