quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

NOTA DE REPÚDIO AO ASSASSINATO DO DIRIGENTE DO MST CÍCERO GUEDES











FOTOS EM CAMPOS - ESTADO RJ / USINA DE CAMBAHYBA
MST e ARTICULACAO MEMORIA, VERDADE E JUSTICA RJ
ATO SOLENE PELOS DESAPARECIDOS DA DITADURA – AGO 2012
Foi com grande consternação que recebemos a notícia do assassinato do trabalhador rural e dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Cícero Guedes, na madrugada do último dia 25 de janeiro, no município de Campos dos Goytacazes, norte do estado do Rio de Janeiro.
Ao regressar para casa no assentamento Zumbi dos Palmares, após reunião com companheiros e companheiras do acampamento Luiz Maranhão (localizado nas instalações da antiga Usina Cambahyba), Cícero foi vítima de uma emboscada preparada por pistoleiros e executado com mais de 10 tiros.
Não é de hoje que a luta contra o latifúndio ceifa a vida de trabalhadores rurais, principalmente daqueles que ousam lutar contra o latifúndio e pela reforma agrária. Além da crueldade e da covardia do assassinato de Cícero, o que chama a atenção é o lugar em que ocorreu.
A Usina Cambahyba consiste em um complexo de fazendas com 3.500 hectares que foi considerado área improdutiva pelo INCRA há 14 anos. Propriedade da família do ex vice-governador (ARENA) Heli Ribeiro Gomes, a Cambahyba já foi palco de outros acontecimentos macabros.
Segundo depoimento do ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, e reconhecido membro do Esquadrão da Morte, Cláudio Guerra, os fornos da Usina de Cambahyba foram utilizados, na década de 70, para incinerar os corpos de pelo menos 10 resistentes à ditadura iniciada em 64, com conhecimento e autorização dos proprietários do local. Heli Ribeiro, segundo Guerra, ‘comandou um grande esquema de receptação ilegal de armas, (...) que iam para os fazendeiros que queriam proteger suas terras, temendo a reforma agrária’, lembra.
O longo histórico de violência daquele local reveste a execução de Cícero, um militante comprometido com a construção de um país socialmente mais justo, de grande caráter simbólico.
 Cícero é o terceiro trabalhador sem-terra assassinado em menos de dois meses em Campos. Em novembro do ano passado, 2012, foi assassinado Antônio Carlos Biazini, 45 anos, quando saía do acampamento para ordenhar vacas. Ele estava ao lado do acampado Joais da Silva Rocha, 25 anos, que também acabou executado.
A Articulação Estadual por Memória, Verdade e Justiça do Rio de Janeiro – coletivo que reúne diversos militantes e organizações empenhados no resgate da memória e da verdade do que ocorreu durante a ditadura brasileira e luta pela divulgação dos responsáveis pela tortura, assassinato e desaparecimento dos corpos de centenas de pessoas que desafiaram o autoritarismo do período – se solidariza com os familiares e companheiros de Cícero e com a coordenação estadual do MST.
Repudiamos o assassinato de Cícero Guedes e exigimos o máximo empenho dos governos estadual e federal na apuração dos fatos, na responsabilização rápida dos mandantes e executores pelo judiciário, além da imediata desapropriação das terras da Cambahyba, para que aquele deixe de ser um local de morte e desaparecimento e se torne fonte de vida e trabalho para as famílias ali acampadas.
Acompanharemos com atenção o desenrolar das investigações e daremos a maior visibilidade possível aos próximos desdobramentos, de forma que a morte de Cícero, assim como daqueles que tombaram combatendo o regime iniciado em 1964, não caia no esquecimento.
EXIGIMOS JUSTIÇA PARA OS ASSASSINOS DE CÍCERO GUEDES,
PARA QUE NÃO CONTINUE ACONTECENDO!

 

ATO SOLENE PELOS DESAPARECIDOS DA DITADURA – AGO 2012

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2013.
ARTICULAÇÃO ESTADUAL POR MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA RJ
Não se vira uma pagina que ainda não foi lida!

COLETIVO RJ Memória, Verdade e Justiça
Consulta Popular
Levante Popular da Juventude
UEE - União Estadual dos Estudantes
PCB – Partido Comunista Brasileiro
PC do B - Partido Comunista do Brasil
Movimento kizomba
Juventude do PT
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