FOTOS EM CAMPOS - ESTADO RJ / USINA DE
CAMBAHYBA
MST e ARTICULACAO MEMORIA, VERDADE E
JUSTICA RJ
ATO SOLENE PELOS DESAPARECIDOS DA DITADURA – AGO 2012
Foi com grande consternação que recebemos a notícia do
assassinato do trabalhador rural e dirigente estadual do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Cícero Guedes, na madrugada do último dia
25 de janeiro, no município de Campos dos Goytacazes, norte do estado do Rio de
Janeiro.
Ao regressar para casa no assentamento Zumbi dos
Palmares, após reunião com companheiros e companheiras do acampamento Luiz Maranhão
(localizado nas instalações da antiga Usina Cambahyba), Cícero foi vítima de
uma emboscada preparada por pistoleiros e executado com mais de 10 tiros.
Não é de hoje que a luta contra o latifúndio ceifa a
vida de trabalhadores rurais, principalmente daqueles que ousam lutar contra o
latifúndio e pela reforma agrária. Além da crueldade e da covardia do
assassinato de Cícero, o que chama a atenção é o lugar em que ocorreu.
A Usina Cambahyba
consiste em um complexo de fazendas com 3.500 hectares que foi considerado área improdutiva pelo INCRA há 14 anos. Propriedade
da família do ex vice-governador (ARENA) Heli Ribeiro Gomes, a Cambahyba já foi palco de outros
acontecimentos macabros.
Segundo depoimento do ex-delegado do DOPS do Espírito
Santo, e reconhecido membro do Esquadrão
da Morte, Cláudio Guerra, os fornos da Usina de Cambahyba foram utilizados,
na década de 70, para incinerar os corpos de pelo menos 10 resistentes à
ditadura iniciada em 64, com conhecimento e autorização dos proprietários do
local. Heli Ribeiro, segundo Guerra, ‘comandou um grande esquema de receptação
ilegal de armas, (...) que iam para os fazendeiros que queriam proteger suas
terras, temendo a reforma agrária’, lembra.
O longo histórico de violência daquele local reveste a
execução de Cícero, um militante comprometido com a construção de um país
socialmente mais justo, de grande caráter simbólico.
Cícero
é o terceiro trabalhador sem-terra
assassinado em menos de dois meses em Campos. Em novembro do ano passado, 2012,
foi assassinado Antônio Carlos Biazini,
45 anos, quando saía do acampamento para ordenhar vacas. Ele estava ao lado do
acampado Joais da Silva Rocha, 25
anos, que também acabou executado.
A Articulação
Estadual por Memória, Verdade e Justiça do Rio de Janeiro – coletivo que
reúne diversos militantes e organizações empenhados no resgate da memória e da
verdade do que ocorreu durante a ditadura brasileira e luta pela divulgação dos
responsáveis pela tortura, assassinato e desaparecimento dos corpos de centenas
de pessoas que desafiaram o autoritarismo do período – se solidariza com os
familiares e companheiros de Cícero e com a coordenação estadual do MST.
Repudiamos o assassinato de Cícero Guedes e exigimos o máximo
empenho dos governos estadual e federal na apuração dos fatos, na responsabilização rápida dos mandantes e
executores pelo judiciário, além da imediata desapropriação das terras da
Cambahyba, para que aquele deixe de ser um local de morte e desaparecimento e
se torne fonte de vida e trabalho para as famílias ali acampadas.
Acompanharemos com atenção o desenrolar das
investigações e daremos a maior visibilidade possível aos próximos
desdobramentos, de forma que a morte de Cícero, assim como daqueles que
tombaram combatendo o regime iniciado em 1964, não caia no esquecimento.
EXIGIMOS JUSTIÇA PARA OS ASSASSINOS DE CÍCERO GUEDES,
PARA QUE NÃO CONTINUE
ACONTECENDO!
ATO SOLENE PELOS DESAPARECIDOS DA DITADURA – AGO 2012
Rio de Janeiro, 31 de janeiro de
2013.
ARTICULAÇÃO
ESTADUAL POR MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA RJ
Não
se vira uma pagina que ainda não foi lida!
COLETIVO RJ Memória, Verdade e
Justiça
Consulta Popular
Levante Popular da Juventude
UEE - União Estadual dos
Estudantes
PCB – Partido Comunista
Brasileiro
PC do B - Partido Comunista do
Brasil
Movimento kizomba
Juventude do PT
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