sábado, 8 de dezembro de 2012


Manifestantes fazem ato em frente à Casa da Morte, em Petrópolis

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RIO - Em ato realizado nesta sexta-feira em frente à Casa da Morte, em Petrópolis, grupos de direitos humanos pediram a identificação e preservação de lugares que serviram de prisões e centros de tortura durante a ditadura militar. Eles defendem que seja criados memoriais ou museus em pelo menos quatro locais no Estado do Rio: na Casa da Morte, no prédio da Polícia Civil da Rua da Relação (ex-Dops), no Batalhão de Polícia do Exército, na Rua Barão de Mesquita (onde funcionava a sede do DOI-CODI no Rio), e no Estádio Caio Martins, em Niterói.
Durante o ato em frente à Casa da Morte, centro de tortura operado por militares, os manifestantes escreveram no chão, a giz, os nomes dos militantes que teriam passado pelo local. Eles também levaram cartazes pedindo a desapropriação do imóvel, e um grupo teatral fez uma apresentação.
- Esse período faz parte da história, e a criação destes centros de memória ajudarão a revelar o que aconteceu, como o Estado agia. Também é um modo de preservar a história do país, de mostrar que pessoas que lutavam pela liberdade morreram e uma forma de que as gerações futuras tenham na lembrança o que aconteceu - disse Mariana Barros, do Centro de Referência de Direitos Humanos do Estado do Rio.
Por meio de decreto publicado em agosto, a prefeitura de Petrópolis declarou de utilidade pública o imóvel onde funcionou a Casa da Morte. Segundo texto, a casa será destinada à implantação de um museu chamado Memorial de Liberdade, Verdade e Justiça. Membros dos grupos que defendem a criação de um centro de memória ali dizem que este é o primeiro passo para a desapropriação.
Além do ato em frente à Casa da Morte, foram exibidos documentários e foi feito um debate no Palácio Rio Negro, também em Petrópolis. A advogada Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional da Verdade, participou do evento. No âmbito da preservação da memória, a comissão já expediu recomendações, como a que pede mudança na destinação do prédio onde funcionou o Dops no Rio. Atualmente, funciona no local o Museu da Polícia Civil. A comissão também também reforçou a ideia de que os Doi-Codi do Rio e de São Paulo sejam transformados em centros de Memória.
- No Brasil, ainda há um atraso muito grande em relação a outros países, como Argentina e Uruguai. Os familiares levam essa luta há muito tempo. A iniciativa dos governos começou timidamente, mas pelo menos queremos o reconhecimento dos fatos para ter a memória garantida. Acredito que, se estes debates da Comissão da Verdade se aprofundarem, a gente pode esclarecer algumas coisas, como, por exemplo, saber quem passou pela Casa da Morte - disse o engenheiro Romildo Maranhão do Valle, de 65 anos, irmão de Ramires, desaparecido em 1973, quando estava prestes a completar 23 anos.

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