segunda-feira, 9 de julho de 2012

ColetivoRJ na Cúpula dos Povos 2012 : Roda da Conversa


O ColetivoRJ acompanhou todas as etapas da Cúpula dos Povos (evento organizado pela sociedade civil em paralelo do Rio +20), visando garantir a inclusão das temáticas relacionadas a MVJ nas discussões desenvolvidas.

No dia 15 de junho de 2012 o Coletivo RJ realizou uma Roda de Conversa, “Conversando Memórias passadas e presentes: discutindo verdade e justiça”, como uma das várias atividades organizadas por movimentos sociais.

Nesta atividade discutimos as temáticas do eixo “memória, verdade e justiça”, relacionando-o aos propósitos da Cúpula: evidenciar as verdadeiras causas das crises sistêmicas da sociedade contemporânea (social, econômica, política, ambiental, etc.), bem como denunciar as falsas soluções que vem sendo adotadas pelos Estados.

Assim, debatemos tema que consideramos ser, também uma das causas de nossa crise como meio ambiente, economia, da repressão durante a ditadura militar e como estas mesmas questões continuam até hoje.  

Temos um passado que não passou. Um passado que não rompeu com a lógica da impunidade instalada e reafirmada recentemente pela decisão do STF sobre a Lei de Anistia de 1979, que serve até hoje para proteger torturadores. Um passado que tem no presente a chaga da multiplicação de ações violentas por parte de agentes de Estado. Como fazer frente a esta lógica?” do Documento Base.
 
A atividade foi um sucesso, com aproximadamente 60 pessoas presentes, entre militantes, estudantes, ex-presos políticos, familiares, professores, artistas, psicólogos, gestores, advogados, entre outros.

A roda de conversa foi conduzida a partir de um documento de base (para acessá-lo clique aqui), com amplo espaço para falas dos participantes.

Vários pontos e experiências importantes foram levantados durante a roda de conversa. Destacam-se alguns:

Importância do testemunho:

Existem muitas pessoas dispostas a falar sobre suas vivências e experiências durante a repressão. Seus testemunhos são fundamentais no processo da Comissão Nacional da Verdade. Além disso, é fundamental que estes mesmos testemunhos sejam transcritas para não ficar apenas na oralidade.

Mais do que reparação financeira à vítimas da repressão, deve-se privilegiar a dimensão da não-repetição: que se faça justiça para que nunca mais aconteça.

A questão da mídia:

O grande desafio de furar o bloqueio de informação da grande mídia - para evitar que a opinião pública desconheça o passado recente.

É conhecido o envolvimento da mídia com a ditadura civil-militar. Atualmente, enfrenta-se o desafio de comprometimento dos grandes meios de comunicação com a difusão da verdade sobre as violações de direitos humanos perpetradas pelo Estado brasileiro, com apoio de setores privados e da própria mídia.

Passado e Presente:

Não se pode tratar estas questões como algo do passado. Ainda hoje, são muitos os que sofrem os reflexos de um passado de impunidades. O Caso da Usina de Cambahyba é emblemático: envolveu e ainda envolve articulações existentes entre atores do poder público e setor privado; esquadrão da morte; o tráfico de armas; trabalho escravo; repressão do movimento camponês e criminalização de movimentos sociais; entre outros.

A falta de informações sobre o passado repercute até hoje. As violações envolvidas nas construções da Transamazônica, da Manaus-Boa Vista, da Ponte Rio-Niterói (em que muitos trabalhadores morreram), está diretamente relacionada com as violações atuais em decorrências das obras para os mega-eventos como, por exemplo, as em São João da Barra e Porto do Açu.

Relaciona-se à ditadura, uma série de questões atuais: a violência policial; a figura do Auto de Resistência; a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais; o recolhimento compulsório dos moradores de rua; entre muitas outras.

Espaços de Memória

Preocupação com a criação de Centros de Memória, para que não esqueça o que se passou. Há grandes demandas pela criação de memoriais, especialmente no prédio do DOPS no centro do Rio de Janeiro e a Casa da Morte em Petrópolis/RJ – cenários de muita violência e muitas mortes.

Justiça! 

É fundamental que se esclareça o papel do próprio Judiciário durante a época e que se questione sua postura atual. O judiciário brasileiro é extremamente conservador e precisa ser democratizado.

É sintomática a recusa do judiciário de investigar as violações perpetradas durante a ditadura; de dar cumprimento à decisão da Corte Interamericana; de rever sua interpretação da Lei de Anistia; etc. O papel do Judiciário é de realização da JUSTIÇA.

As diversas questões discutidas foram registradas em Relato, que pode ser acessado aqui

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