15 de Junho 2012 –
Cúpula dos Povos
Presentes: Começo
– +/-30 pessoas presentes, quase 18h – 50 pessoas.
Apresentação de Paulo Cesar: leu o texto-base.
Geraldo e Noelle compuseram a mesa. Fernanda, Amy e Beka –
Relatoria.
Roda de Conversa
Pontos levantados:
-
Importância das testemunhas – prisão era
clandestinas, tortura por busca de informação se dava em processos curtos e
rápidos, há hoje pessoas que estão dispostas a falar.
-
A importância das testemunhas na criação da
memória. Testemunho não pode ficar na historia oral. A memória tem que ser
escrita e transcrita, e não pode ficar apenas na oralidade. Têm que ser escrita
para ser incluídos nos currículos escolares, espaços, arquivos, universidades.
-
Importância da publicidade dos relatos sobre o
que aconteceu, sobre a verdade.
-
Importância da reparação dos danos e da dimensão
de não repetição - que se faça justiça para que aquilo nunca mais aconteça.
-
O grande desafio de furar o bloquei de
informação da grande mídia - para evitar que a opinião pública desconheça o
passado recente.
-
O envolvimento da mídia na ditadura
civil-militar, e agora os grandes meios de comunicação estão descomprometidos
com isso.
-
Importância de se criarem CV – tal como o
Sindicato dos Jornalistas criou.
-
Importância de negar a acusação de revanchismo e
afirmar o conhecimento da verdade.
-
A ligação direta entre o meio ambiente e a
Memória, Justiça e Verdade.
-
Atenção para o fato de que há muitos temas que
relacionam o passado e presente - exemplo de Cambahyba, que envolve articulações
existentes entre, por exemplo, atores do poder publico, esquadrão da morte, o
tráfico de armas, escravidão, repressão do movimento camponês etc. A
desapropriação agrária ainda existe, e existia durante a ditadura.
-
Ha muitos exemplos de conexões também no
presente como no Rio de Janeiro com os mega-eventos, São João da Barra – por
conta de um complexo de Eike Batista em que famílias foram desalojadas depois
de morarem lá por décadas, como a situação atual no Mato Grosso do Sul.
-
Também algumas falas destacam as políticas
publicas da cidade atualmente, especialmente o recolhimento compulsório dos
moradores da rua, e a então política de limpeza e higienização da cidade.
-
Atenção para o fato de que muitas questões sobre
violações daquele tempo estão aparecendo agora, extermínio dos indígenas, por
exemplo. Mas que há muito que não se sabe até hoje – por exemplo, sobre as
construções da Transamazônica, da Manaus- Boa Vista, da Ponte Rio-Niterói,
entre outras, em que morreram muitos trabalhadores. E exemplo da morte de Jose
Maria Filho, dirigente local, do MST, assassinado com 25 tiros.
-
A importância de lembrar que a grande vítima da
ditadura militar não foram somente os mortos e desaparecidos, mas o povo
brasileiro.
-
Falta de espaço no currículo escolar sobre o que
aconteceu durante a ditadura.
-
O sentimento dos jovens que não tem parentesco
com presos políticos ou desaparecidos, mas sentem-se incomodados e com o dever
de aprender o que aconteceu.
-
A
ligação da repressão durante a ditadura `a violência urbana e policial de hoje.
A figura do Auto de Resistência, inventada durante a ditadura, agora falamos
sobre os chamados banidos, terroristas, e a criminalização da pobreza. Existe
uma ligação obvia entre as várias práticas de violência da ditadura e de hoje.
-
Preocupação com a criação de Centros de Memória.
Especialmente o DOPS no centro do Rio de Janeiro e a Casa da Morte em
Petrópolis/RJ.
-
A invisibilidade da violência no interior – e a
então importância de interiorizar esse debate. O Brasil é enorme, se a questão
não tem visibilidade nos grandes centros, tem menos no interior. O nível de
clandestinidade e conservadorismo no interior era muito forte no tempo da
ditadura.
-
A importância de investigar o que fez o
Judiciário durante a época e a participação dele agora. O judiciário é relevante
e é um dos mais conservadores dependendo muito de uma agenda de democratização.
A recusa do judiciário de dar proteção às vitimas, dar cumprimento à decisão da
Corte Interamericana, a recusa a iniciativas do MP sobre essas questões, seu posicionamento sobre a Lei de Anistia etc.
O Judiciário tem que fazer parte de construção da verdade e JUSTIÇA. Democratização do judiciário, e o papel dele
durante a época devem ser esclarecidos.
-
Atenção para o fato de que as violações de
direitos humanos continuam existindo.
Ex: assassinatos no campo pelo latifúndio, torturas e mortes praticadas
pelas policias estuais, além de outras questões como saúde e saneamento etc nas
favelas e periferias.
-
Importância da uma
renovação historiográfica. Existe uma preocupação sobre os nomes
dados a ruas, pontes etc. que tem nomes de torturadores e militares. E a ausência
de ruas com nome de militantes da época.
-
Foi destacada a importância de criar registros e
arquivos. A sociedade civil deve produzir e guardar as informações, mas também
o Estado deve se responsabilizar neste processo.
-
Foi destacado que os sindicatos, conselhos,
categorias são importantes para a mobilização pela memória daquela época.
-
Preocupação sobre o papel dos executivos
estaduais agora, com as comissões estaduais. A pauta tem que chegar ao nível estadual.
Que tipo de contribuição pode ser interessante?
-
O incômodo sobre a falta de responsabilização.
-
A já existente mobilização dos jovens através da
Articulação Estadual pela Memória, Justiça e Verdade, e o Levante Nacional e
Estadual.
Propostas:
- É necessário fazer uma comissão no âmbito do jornalismo por que a mídia e a imprensa foram muito ligadas à ditadura civil militar. Isso poderia ser feito por todos os sindicatos ou centrais sindicais.
- A importância de desenvolver contato direto com o grande público. No Ceará já está se desenvolvendo um trabalho para esse contato direto com o povo. Indo aos bairros, sala de aula, fábricas, etc. para colocar essas questões da CNV que não podem estar restritas a CNV.
- Uma nova reunião dos Coletivos e Comitês da Memória, Justiça e Verdade. Como serão feitas alianças?
- Ampliação do debate na sociedade no sentido de aumentar a discussão política.
- A necessidade de se contemplar a questão do Poder Judiciário no texto que sair dessa atividade. O Judiciário deve prestar contas do que fez e deve abrir-se para transformações.
- A necessidade de se levar a discussão e a ação dos comitês e coletivos para o interior dos Estados.
- A importância de ir às Câmaras Municipais para mudar os nomes.
- Mobilização da juventude para a recuperação da memória. É preciso um projeto de promover o acesso de informação sobre a época seja facilitado para os jovens.
- Discutir os processos de Chile e Argentina.
- Levar o documento base e o relato aos Plenários e Assembleias da Cúpula dos Povos.
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